Olá leitores de Carlotas!!
Conquistar voz e vez não foi e não é algo simples se pensarmos no direito ao voto para as mulheres. Comemoramos no dia 20 de fevereiro de 1932 a primeira vez que o código eleitoral permitiu, de forma facultativa, que nós votássemos ou fossemos votadas. Deixo claro aqui que esse direito não foi para todas, pois apenas as mulheres casadas com aval do marido ou as viúvas e solteiras com renda própria que tinham essa permissão. Não podemos esquecer que há outro recorte importantíssimo. Mulheres pretas e indígenas não estavam nessa regra.
Pioneira, Celina Guimarães Viana (em pé, à esquerda) foi a primeira mulher a votar no Brasil, no Rio Grande do Norte, cinco anos do direito ser assegurado em todo o país – Foto: Arquivo / Agência O Globo.
Qual a razão dessa representatividade ser ainda tão pequena?
Muitos anos passaram, nossa Constituição cidadã garantiu esse direito e o descreveu como sendo universal, direto, secreto e com valor igual para todos. Entretanto, o que temos na teoria não condiz com a prática. O glossário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) me auxiliou nessa busca. Voto da mulher — Tribunal Superior Eleitoral.
- Até 1999 a câmara federal composta por 513 membros, tinha apenas 7% de deputadas;
- Em 2018, tivemos 77 parlamentares mulheres que representaram 15% das cadeiras;
- Finalmente, na eleição do ano passado, em 2022, o número de cadeiras aumentou para 17% e pela primeira vez na história, elegemos duas deputadas trans. Bancada feminina aumenta 18,2% e tem duas representantes trans – Notícias – Portal da Câmara dos Deputados
Qual a razão dessa representatividade ser ainda tão pequena?
O que nos impede de ocuparmos alguns lugares que foram e ainda são majoritariamente ocupados por homens?
Conheça a Politize!
Para tentar compreender, gostaria de mencionar aqui uma organização da sociedade civil chamada Politize!. Ela nasceu em 2015 objetivando aumentar o número de pessoas interessadas pela política e formar uma geração de cidadãos mais conscientes e comprometidos com a democracia.
Em fevereiro de 2019, a Politize!, em parceria com o grupo Mulheres do Brasil, entrevistou candidatas e deputadas estaduais de Santa Catarina para ouvir suas histórias e entender os desafios que enfrentam e enfrentaram ao participar do mundo da política no nosso país.
Deixarei aqui um dos vídeos que conta a história de Luciane Carminatti, pedagoga que atuava na sala de aula da periferia de Chapecó e por entender que a educação tinha que ter uma voz na Câmara de Vereadores, se candidatou ao cargo em 2000 e foi a quarta mais votada. Atualmente está no terceiro mandato como deputada estadual. Ela conta que enfrentou muitos desafios, porém o mais marcante foi a divulgação de um panfleto falso expondo seu corpo com o auxílio de photoshop que na época era pouco conhecido. Confira aqui:
Trazer novos olhares para a política é também pensar em diferentes soluções para problemas antigos. É ressignificar esse espaço e desconstruir alguns estigmas que carregamos por muito tempo, como ser vista apenas em razão da sexualidade e do corpo. Não há como pensar em democracia se a diversidade for vista apenas como um discurso teórico sem que espaços políticos não sejam ocupados por ela.