Ailton Krenak é o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
Meus olhos brilham cheios de esperança! Esperança de que vamos ocupar todos os espaços e cantos do país para cobrar o que a colonização nos tirou. Acostumem-se: o Brasil é indígena!
Krenak é filósofo, ambientalista, ativista, poeta e escritor. Ailton não ganhou a imortalidade, isso ele já tinha, ele ganhou o título de Imortal de uma estrutura criada por homens brancos e isso é um grande passo para a luta originária.
Sua ocupação na Academia Brasileira de Letras marca um progresso significativo sobre inclusão indígena na literatura e cultura do país e também é uma oportunidade de trazer vozes potentes para reeducar o pensamento.
Além disso, ao receber um indígena, a Academia coloca Krenak em um lugar que vai além da representatividade. Abre portas para debates e conscientização sobre a importância e reconhecimento das mais de 180 línguas indígenas como patrimônio cultural do Brasil, bem como a tradução bilíngue dos materiais literários indígenas como forma de valorização dos saberes ancestrais dos diferentes povos.
É lindo ver uma pessoa indígena ocupando esse lugar tão importante e isso atravessa também a sala de aula, de modo que as (os) educadoras (es) se inspirem a ensinar a história de Pindorama de forma decolonial, sem os estereótipos criados pelos colonizadores e mostrando o ser indígena por completo, não só como um objeto de estudo em sala de aula, quebrando barreiras que ainda hoje impedem a relação respeitosa entre diversos povos, suas culturas, modos de viver e pensar.
O reconhecimento da identidade e do saber dos povos originários é revolucionário. A ancestralidade também é literária e o futuro é ancestral.
Essa é uma conquista coletiva, Ailton! Obrigada. Você nos trouxe esperança de continuarmos mantendo o céu suspenso.
Outras (os) escritoras (es) indígenas para você conhecer e se inspirar:
- Eliane Potiguara: É considerada a primeira escritora indígena do Brasil.
- Olívio Jekupe: escritor de literatura nativa.
- Marcia Kampeba: intelectual, poetisa e artista.
- Davi Kopenawa: xamã, escritor e importante líder político Yanomami
- Daniel Munduruku: escritor, professor e ativista
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