Esse artigo faz parte de uma série, caso não tenha visto os anteriores, acesse aqui: Parte 1 e Parte 2.
Nessa jornada de olhar nosso papel no combate ao racismo, boa parte é olhar para dentro e reconhecer o lugar que ocupamos numa sociedade como o Brasil. Essa é a parte mais difícil, porém a mais importante. Sem ela, e a convicção que somos responsáveis pela transformação, as ações que buscarmos fazer ficarão vazias e superficiais.
E aqui não é tratar como menos, achando que se é o salvador da pátria, ou como muitos dizem, baixar a régua. É entender que temos que abrir espaço e dar oportunidades com condições iguais e equilibradas para uma parte da população que teve (e ainda tem) seus direitos violados.
Ok, entendi. Mas na prática o que seria?
Primeiro: temos a chance de contratar ou escolher produtos e serviços de empreendedores negros?
Aprendi com o Mario Aranha a reparar quem fica com o dinheiro. A pessoa proprietária do mercado é negra? Do salão de beleza? Da escola dos meus filhos? Das lojas que frequento? Ah, mas é difícil achar!! Pode ser mas porque estamos com o olhar viciado. Aqui, duas empresas que você precisa conhecer, se ainda não conhece:
Black Money: Hub Digital para inserção e autonomia da Comunidade Preta, oferece um marketplace que você encontra diversos produtos e serviços feitos por pessoas negras, da Nina Silva.
EmpregueAfro: consultoria em recursos humanos focada em diversidade étnico-racial, da querida Patrícia Santos
Outro ponto bem desafiador é abrir mão dos espaços de privilégios que ocupamos para que uma pessoa negra possa ocupar. Uma posição de destaque ou promoção, a participação de uma banca ou palestra. Estimular que pessoas negras ocupem esses lugares pode significar que não vamos ocupar.
E é isso mesmo. Dói, mas precisamos reconhecer que está mais do que na hora de compensar os abusos e opressões. “Mas eu não tenho culpa! Eu não escravizei ninguém.”
Mas nós temos responsabilidade de ajustar as desigualdades criadas. Hoje, ainda temos muita violência contra as pessoas negras e agressões sutis que não permitem ou dificultam que tem maior mobilidade social.
Por fim, se posicione. O não posicionamento é um posicionamento muito claro de que vamos manter o status quo. Não é sobre exercer o papel do “branco salvador”, mas de usar sua posição (de poder e privilégio) para interferir e parar uma injustiça.
Como disse Angela Davis “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”.
E aí, é possível?